Pilotar uma moto é muito mais que conduzir uma máquina a um destino estabelecido...
Pilotar uma moto implica, em primeiro lugar, um trabalho de concentração que deve ser feito em prol da segurança do piloto (e do carona, se for o caso) evitando quedas e acidentes.
Ao exercitar esta concentração, o piloto passa a ouvir e sentir a motocicleta, a paisagem, os cheiros, as cores, a fotografia que se descortina ao longo de todo o trajeto e assim, na medida em que os quilômetros vão sendo vencidos, os problemas do dia-a-dia vão se afastando na mesma proporção, chegando em um ponto em que os tais problemas simplesmente deixam de existir e o cérebro passa a trabalhar de uma maneira totalmente diferente, o que resulta em uma sensação de prazer e bem estar incomparáveis, para a mente e para o corpo. Eis porque pilotar uma moto é realmente uma das melhores e mais eficientes terapias que existem.
Viajar de moto é sempre uma aventura maravilhosa e fascinante. Na motocicleta o piloto fica completamente inserido na paisagem e passa realmente a fazer parte dela, em contato direto com a natureza e com todas as sensações que ela proporciona.
Pode-se sentir o vento, o calor, o frio, a chuva e é uma das melhores oportunidades que se pode ter, para avaliar a grandeza do mundo, ao ver as maravilhosas paisagens, as montanhas, os mares, os vales, tudo isso nos levando também à reflexão de como nossa existência é apenas uma pequena centelha em relação à natureza e ao mundo que estamos inseridos.
Uma viagem de motocicleta leva ainda ao exercício da simplicidade, da humildade, já que somos compelidos a carregar em nossa bagagem apenas e tão somente o mínimo, o básico necessário, sem excessos, sem acúmulos, ou seja, sob um certo ponto de vista, acabamos através deste simples exercício de fazer as malas, nos livrando de todas as coisas inúteis que costumamos carregar conosco preenchendo todos os espaços à disposição. Até neste pequeno detalhe a viagem de moto pode nos ensinar como é possível ser extremamente feliz com o básico.
Por fim, não há momento mais apropriado para uma conversa consigo mesmo, uma vez que, estando ali, piloto, moto, a cabeça dentro do capacete, o ser humano tem uma oportunidade única de estar em paz consigo mesmo e nada melhor que usar este momento sublime para refletir, analisar, questionar e buscar as respostas para todas as dúvidas no melhor lugar do mundo: dentro de si mesmo.
Texto por Paulo Uzêda
Para RockRiders.com
Alguns detalhes a serem abordados e o primeiro deles é que este sentimento de encontro com uma possibilidade de se refletir sobre o quão somos insignificantes diante do todo, cada um encontra de uma forma, o mergulhador ao mergulhar, o monge ao contemplar seu mundo interior, o aviador ao exercitar sua profissão, o médico ao salvar uma vida, o ermitão ao se sentir completamente só, observando que muito e muitos outros encontram a seu modo o meio de se sentirem assim. Segundo ponto a ser observado é que nem sempre se sentir dentro de você mesmo é indicativo de que tenha encontrado o melhor lugar do mundo e o terceiro, dentro de muitos outros que poderíamos citar aqui é que não podemos nos esquecer de que dentro do contesto que você se insere ao pilotar uma moto existem os motoristas que nunca andaram de moto e que não entenderam jamais o fato de você estar em um momento de encontro com você mesmo, então é bom não se compenetrar demais e sair do sistema, se isto ocorrer você passa a correr o risco de encontrar um ser que jamais combinará com o que tem de bom ao se pilotar uma moto, o planeta. Encontrar o planeta é algo que o motociclista deve evitar com todas as suas forças, o planeta é grande, pesado, sem sentimentos quanto ao fato de você ter batido nele e sempre provoca estragos no corpo de quem bate de frente com ele, então, mesmo contemplando o mundo a sua volta, não se esqueça de que, caso você caia, irá se encontrar com o pior que pode existir para um motociclista, o planeta.
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